sábado, 29 de março de 2008

JOÃO MANUEL MOINHOS DA SILVA

Mais um colega que parte...


o João Manuel entrou muito jovem na IBM e ali fez toda a sua carreira profissional. Era a sua segunda casa.

Open Door, precisa-se !

Independentemente de não ter sido a IBM a possibilitar-me as primeiras incursões a um mundo materialista, capitalista e consumista ( já tinha comprado automóveis, já tinha dado algumas voltas à Europa, já andara de avião, já vestia os meus fatinhos Pierre Cardin, já frequentava o Club Mediterranée, etc., etc., etc. ), reconheço que me capacitou para melhorar todos esses pormenores mas, mais importante, contribuiu fortemente na minha formação cívica e na lucidez de ver a vida que construí.
Com altos e alguns baixos, aquela casa sempre me admirou enquanto cidadã na persecução duma missão que tinha no tratamento dos seus colaboradores um ponto alto da sua imagem.
Ninguém é perfeito ( seria uma chatice, também ) mas associo sempre as fases menos boas às alturas em que se tornava individualmente muito portuguesinha.
Aí, vinham ao de cima sentimentos serôdios menos consentâneos com aquele paradigma empresarial e havia conflito(zinhos).
Porém, dentro da sua política operacional, eu dava um extraordinário ênfase ao programa Open Door que consubstanciava a abertura de espírito e colaboração que tanto me embebecia.
Através dele se expunha o contraditório entre os contraditantes, desenvolviam-se as démarches necessárias ao apuramento do problema, tomava-se mão de recursos internacionais se para tanto fosse preciso, e decidia-se em conformidade.
Reposta a calma, voltava-se ao dia-a-dia com um sentimento de justiça exercida.
Sempre senti o apoio da hierarquia quer se tratasse dum problema interno ( por menor que fosse ) quer se tratasse da força necessária ( anímica ou técnica ) no acompanhamento duma negociação quer ainda quando necessitei de força moral quando um problema de saúde teimou em me transtornar.
Aqui ficam, explicitamente, os meus agradecimentos.
Mas permita-se-me, uma vez mais, interligar tudo isto com a vida deste país no que aos problemas actuais diz respeito.
Muito me tem chocado ( dirão que estava a ser naïf em pensar que isto não era o corolário lógico ) não ver a Federação Nacional dos Professores na pessoa do seu correligionário Mário Nogueira vir a terreiro fazer um banzé idêntico ao que fêz com a greve dos profs na defesa da integridade da professora do Carolina Michaelis.
É certo que esse senhor afirmou que a insdisciplina não era uma prioridade a ser tratada, razão bastante para perceber o quão imbecil se torna quem subscreve a ideia a não ser, claro, a necessidade da manutenção do estado de sítio para depois, criado o caos, galgar para plataformas mais elevadas onde a CGTP lhe acenerá com o lenço encarnado !
Não nutro pela pessoa da ministra da educação qualquer simpatia mas reconheço que o patrão lhe devia ter dado um curso de gestão de conflitos e fosse solidário com ela dando-lhe o que nas empresas se chama um projecto especial o que na gíria significa ir para a prateleira, substituindo-a por alguém que, no mínimo, tivesse credibilidade. Nem que fosse, e apenas, durante o período de estado de graça. Enquanto o pau ia e vinha, folgavam as costas....
José Sócrates, na IBM, já tinha levado com um open door e tinha regressado ao seu biscate de projectista dando continuidade à concorrência que tanto abalou Siza Vieira ou Souto Moura...

sexta-feira, 28 de março de 2008


Tenho para mim que este blog é lido preferencialmente por homens e mulheres da minha idade pelo que não seremos propriamente atingidos com a bandalheira que grassa pelas escolas pois já não temos filhos por lá e os netos ainda são demasiado novos para se envolverem nestas andanças.
Há excepções, claro, mas essas, confirmam a regra.
Podemos, pois, comentar os acontecimentos que têm dado brado nas TV's com uma postura mais brejeira ainda que passível de reflexão mais séria.
Não me apetece nada entrar em discussão com nenhum dos meus queridos leitores ( há-os ? ) mas a assiduidade com que os vídeos passam já provocou resultados - começámos a fartar-nos do voyeurismo jornalístico e transformámos o que foi notícia em motivo de pura chacota.
E isto é perigoso !
Porém, tudo isto me leva a fazer um link ( deficiência profissional ) para a IBM e conectá-lo com mais uma história daqueles fabulosos anos.
Um dia, numa acção de formação intitulada OP Dialog, tivemos que, no final, sujeitarmo-nos a um exame que elucidasse o mestre do nosso aproveitamento.
Estávamos dispostos numa formação em U o que não permitia o copianço pois não nos conseguíamos esconder uns atraz dos outros uma vez que o espaço entre os que estavam frente-a-frente era demasiado largo.
Na altura não havia telemóveis que permitissem "consultas" por SMS.
Já éramos grandinhos para atirar papelinhos com um elástico pelo que também esse estratagema não foi usado.
Com muita graça, um dos colegas, que sofria de uma aprofundada e precoce surdez ( Adalberto Melo de seu nome ) , mal começou a prova de aferição, disse alto e bom som : "eh malta, escrevam com letras grandes porque eu sou surdo !!!"
Estava dado o mote e as gargalhadas soaram estridentemente. O prof ( Guilherme da Fonseca ) alinhou !
Não foi preciso andarmos à bordoada com o mestre pois o aproveitamento era total o que tinha, mais uma vez, criado um excelente ambiente e trazido para o armazém das recordações uma bela passagem pelos bancos daquela escola.

Quem não sabe é como quem não vê ...

Na vida prática, nem sempre os acontecimentos seguem uma cronologia natural.
Quando um profissional começa uma determinada actividade, normal será supor que, previamente, tenha tido a preparação adequada após a qual se sentirá habilitado a enfrentar os desafios que lhe aparecerão.
Porém, por vezes, a sequência é alterada em função dos calendários mais convenientes da empresa o que leva a situações como a que vou relatar.

Em 1979, e após 6 anos como IBMer administrativo, ingressei nas vendas no OP.
Concorri a uma vaga do escritório do Porto tendo de imediato "começado a injectar máquinas de escrever" no mercado a um ritmo acelerado ( hahahahaha ) .
Só posteriormente tive alguns cursos de vendas ( quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista de vendas propriamente ditas ) entre os quais um, liderado por um colega da IBM UK, de seu nome McLean, que nas horas vagas, recordo, era polícia em Londres.
Essa acção de formação foi-o para mim e para o Adalberto Melo, e assumiu o carácter de refreshment para o restante pessoal vendedor.
O sujeito era imponente no porte físico e tratava a máquina de escrever aquando de uma demonstração com uma elegância e com um virtuosismo tais que nos deixava a nós, principiantes, com a sensação de que, ao fazê-la perante um cliente, era impossível não assinar de imediato uma encomenda
O final do curso teve lugar num auditório de um hotel em Lisboa onde a apoteose era uma demonstração do dito equipamento ora agora pelo Adalberto, ora agora por mim, frente ao "tribunal" constituído pelos mais antigos vendedores, prontos para nos vexarem enquanto novatos.
Os métodos eram inovadores e desconhecidos daquela assistência o que criava um ambiente misto de gozo e expectativa.
Após o meu exame, excelente, diga-se, seguiu-se o Adalberto.
McLean, porém, preparou-lhe uma surpresa que se inseria no teatro-do-faz-de-conta que pretendia criar.
Desligou a máquina após a minha demonstração deixando-a, propositadamente, na posição de letra maiúscula o que implicava que o mecanismo assumisse uma posição onde a esfera não encaixava.
Subido ao palco, o Adalberto começa por colocar a esfera no sítio certo após o que faz a introdução de circunstância perante aquele enorme "conselho de administração" .
Sou fulano de tal, e ..... bla bla bla.
Imediatamente a seguir, liga a máquina e, escândalo dos escândalos, a esfera é catapultada para o meio da sala num voo hilariante que desconcerta por completo o candidato a vendedor que se viu em palpos-d' aranha para a localizar.
Escusado será dizer que a galhofa foi generalizada para gáudio dos mais antigos embora tivesse tido a sua eficiente pedagogia nunca mais nos esquecendo da verificação daquele pormenor.
À laia de homenagem àquele colega inglês, tiro-lhe o chapéu pelas espectaculares demonstrações que nos ensinou a fazer com aquele objecto, envergonhando-nos pelas que fazíamos anteriormente, "inventadas" por nós, e que só a juventude e o gosto pela venda nos imunizavam contra os desaires daqueles primeiros tempos.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Recordando o PC ....



Havia na IBM Portugal dois colegas com o mesmo nome ainda que com a inversão da ordem de leitura ( e de escrita ) – o Costa Pereira ( CP ) e o Pereira da Costa ( PC ).

Não consigo recordar se numa apresentação da sua área de trabalho ou se numa qualquer reunião política da altura, os vendedores ( eu incluído ) sentiram-se insultados pelo PC que, na sua dissertação, os “agrediu” com a afirmação de que era tão fácil vender computadores como vender sapatos.

Levou vários apupos e assobiadelas e não se livrou, a partir daí, de ser recordado em qualquer tertúlia, como o vendedor de sapataria !

A dignidade do delegado comercial tinha sido posta em causa e isso era intolerável mais ainda pelo que de mais pernicioso a comparação continha.

Quis o destino que eu próprio viesse a constatar a incorrecção do dito uma vez que, na minha vida pós-IBM, fui o responsável pelo mercado nacional dum produto altamente especializado que dá pelo nome de calçado profissional e de saúde.

De entre os clientes internacionais, constava como verdadeiro cartão de visita, a IBM Irlanda que utiliza esse produto nas suas instalações laboratoriais.

O mais interessante desta história não terá sido nem os computadores nem o calçado mas sim os critérios que foram adquiridos na IBM e postos em execução numa outra actividade. Com pleno sucesso !

Tornou-se-me claramente evidente que a tal expressão só pecava por comparar facilidades em vez das dificuldades.

Aqui fica o reparo, ainda que ligeiramente tardio ….

sábado, 22 de março de 2008

Boa Páscoa


Depois de duas semanas de ausência, em passeio pela Índia, retomo as minhas actividades desejando uma Boa Páscoa para todos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

EURICO ROMA PEREIRA

mais um colega que parte... mais uma amizade se perde...



O Roma Pereira recebendo um prémio das mãos de R.Dunkel, Adm.Delegado

quarta-feira, 19 de março de 2008

A língua portuguesa é muito traiçoeira !...

Quando um determinado período das nossas vidas tenha sido preenchido com a exuberância que caracterizou a passagem pela IBM, escusado é dizer que haverá, concerteza, muitos episódios que farão as delícias dos protagonistas ao recordá-los com o humor com que o tempo permite separá-los de qualquer constrangimento.
Eu comecei a minha ligação profissional à IBM com o ingresso nos serviços financeiros na rua Rodrigo da Fonseca.
Aí privei com o Eusébio Carneiro, Luis Nascimento Ferreira, Morgado, Mafra, Sousa e Silva, Manuel Diogo, Fernandes, Marques Lopes mas também com a Marina Tranqüada, Cacilda Dores, Ana Araújo, Manuela Pires, a Zèzinha ( do chá ) e a Natália ( estou a ser injusto para com os dois senhores cobradores mas a memória já não é o que era e os nomes estão-me debaixo da língua mas não há maneira de saltarem cá para fora !! Sr. Santos ? e o outro , o pai da Manuela ? ).
Vamos em frente.
Por volta das 10 horas da manhã, era servido o pequeno almoço com a prestimosa colaboração de algumas senhoras entre elas a minha queridíssima Zèzinha.
Trazia um carrinho de bolos e nós dirigíamo-nos à recepção e aí se confraternizava um pouco durante o tempo de engolir a bucha.
O Morgado bebia um copinho de leite.
Numa determinada altura, a belíssima Natália ( recepcionista e posteriormente emérita médica da nossa praça ) pretendeu dissolver um pouco o café que ia beber e com o seu mais encantador sorriso matinal, alto e bom som, vira-se para o Morgado e diz : oh senhor Morgado, importa-se de me dar um pouco do seu leite para fazer aqui um garoto ?
A língua portuguesa demonstrou aí toda a sua pujança de quão traiçoeira é dando origem a momentos hilariantes e que a minha capacidade sarcástica guardou especialmente para esta ocasião.
Daqui seguem abraços a todos os homens mencionados e um beijo às senhoras.
Para a Natália vai também um xi-coração na certeza de que me desculparás o desplante de tamanha inconfidência !
Garcia de Matos

domingo, 16 de março de 2008

Boas Páscoas !

Os blogs de representação caseira sofrem todos do mesmo mal : são alimentados pela contribuição de alguns, poucos, carolas que têm o gosto pela comunicação e que gostariam de não perder os elos que os ligam aos seus conhecidos.
No ibmemórias eu próprio vi as potencialidades de se tornar um blog extremamente activo pelo universo alagado da sua base de sustentação - os existentes ex-ibmers.
Reconheço que foi uma utopia e lamento essa constatação pois os quase 30 anos que por lá passei criaram-me laços de uma familiaridade incrível com cerca de 700 pessoas que agora não aproveitam esta oportunidade para reviver um passado recheado de coisas boas e coisas menos boas mas que constituem um período demasiadamente importante das nossas vidas.
Esta minha intervenção vem no sentido de desejar a todas(os) os votos de boa Páscoa.
Garcia de Matos

terça-feira, 11 de março de 2008

O 11 de Março de 1975 na IBM

No seguimento dos acontecimentos do 11 de Março, foi convocada uma Assembleia Geral de Trabalhadores para o dia seguinte, da qual saiu o texto que abaixo transcrevo.

Caríssimos, que então trabalhavam no escritório de Lisboa: não assobiem para o lado. Estávamos lá quase todos (mais de quatrocentos, segundo os meus registos) e a moção foi aprovada por larguíssima maioria, quase unanimidade.

Coisas da História – que não se apagam...


MOÇÃO

As forças dos monopólios e dos latifundiários lançaram mais um ataque contra o processo revolucionário iniciado no 25 de Abril.

Aproveitando-se da impunidade com que actuaram no 28 de Setembro, da presença entre nós de agitadores internacionais ao serviço dos potentados económicos, tentaram mais uma vez fazer regressar o fascismo com todo o seu cortejo de crimes de exploração e opressão.

Mais uma vez os trabalhadores se ergueram aos milhares, com os seus sindicatos e com os partidos verdadeiramente democráticos e defenderam, na rua, a liberdade de levar a Revolução até às últimas consequências.

Os trabalhadores da IBM, pondo-se ao lado da massa dos trabalhadores portugueses, exigem:

1 – Castigo exemplar para os contra-revolucionários.

2 – Expulsão dos agitadores estrangeiros que tentam levar o nosso país para a guerra civil.

3 – Aplicação imediata de medidas económicas e sociais que, retirando aos monopólios e latifundiários o poder de que ainda efectivamente dispõem, tornem realmente irreversível o processo revolucionário.

4 – Proibição de todos os partidos que efectivamente estão do lado da reacção.


sexta-feira, 7 de março de 2008

HELP

Quem me poderá ajudar em me pôr em contacto com o Vasco Clemente? Via E-mail, tm ou outra via qualquer. Gostava de falar com ele ao "VIVO".

Um abraço a todos quantos lerem este meu Help, aos que eventualmente me derem ajuda, e sendo eu uma pessoa generalista, e todos sem exepção.

Júlio Branco ("do grupo da ferrugem")

Como alguns prezados e ilustres colegas nos cognominaram.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Appraisals...

Não se consegue ler o que está neste organigrama da Avaliação de Professores, nem é preciso - basta ver a complicação do processo.

E dizíamos nós tão mal do A&C!!!


terça-feira, 4 de março de 2008

Locais com História "Recordações"

A propósito do novo local de trabalho anexo a revista produzida na época, 1974, que se intitulava "novas instalações IBM" para dar conhecimento ao colaboradores como se poderiam orientar nos novos edifícios. A IBM estava sediada na cidade de Lisboa em sete edifícios diferentes.

Nessa data todos os serviços mudaram para a Praça de Alvalade.