terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quadro de honra de 1988

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(clique na imagem para ampliar)

Publicado na Revista IBM do início de 1989. Os galardões referem-se portanto a 1988.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Em 1982 comprar um automóvel era complicado

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Este boneco que parodiava uma entrega muito parcial de carros de serviço na IBM, ilustrava o nº 5 do "Factos & Argumentos", publicado em Dezembro de 1982, e em grande parte dedicado ao "Empréstimo dos 400 Contos" e ao assunto interligado que era a análise da situação financeira da IBM. Tratava também dos níveis de vencimentos por sector da companhia, da reforma do Victor Rivotti e de uma reunião na IBM Porto. Veja aqui a reprodução desse número 5 do jornal da CT.



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Uma ajuda para a memória - 2

Caros Amigos, recorro mais uma vez a uma das três revista, que constituem o meu único espólio da IBM, para dar uma ajuda na clarificação deste assunto. A foto abaixo foi publicada na Notícias IBM Portugal de Junho de 1971. Trata-se de uma perspectiva das Operações DCS, no R/C da Duque de Palmela 25, depois da instalação da 360/40.




Recorrendo à memória, lembro que a primeira pessoa a mexer em 360 foi o João Macedo Franco, que fez alguns cursos (em Espanha, creio) e depois veio dar-nos um curso de programação. Era um novo mundo de conceitos informáticos, que já nada tinham que ver com os que seguiramos para a 1401. Lembro alguns dos participantes nesse curso, onde também estive: Jorge Sá Couto, Célio Moura, Alfonso Guevara, João Gândara, José Meira, Manuel Coentro, Jorge Fonseca, Mário Mesquita, Alão Baptista, Carolina Gralheira, Júlio Freire, Tomás de Azevedo,etc. Devem faltar nomes de outros tantos que não recordo de momento, já que o curso tinha, pelo menos, umas vinte pessoas.
Este curso terá acontecido (talvez) em 1969, antes da chegada da 360/30 a Lisboa, a primeira.
O primeiro operador especialista deste sistema, foi o José Meira, que acompanhou a instalação com o Macedo Franco. Este, saíu da IBM pouco tempo depois e partiu para o CAnadá, onde ficou muitos anos, tendo já regressado a Lisboa há algum tempo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Uma ajuda para a memória

O Santos e Silva teve a bondade de esclarecer o meu post de 29 de Julho, intitulado "Computing Center - Sistema 360". Aqui vai o seu contributo (clicar nas imagens para ampliar):

Eu entrei para a companhia em Abril de 1974 e fui para Espanha fazer o curso destas máquinas. Penso que as fotografias serão de entre 1974 e 1977.

1ª Imagem (de cima para baixo)


A 2ª Imagem é um IBM2040 ou Sistema 360/40.

A 4ª Imagem está "às avessas". Podes endireitá-la, assim. São as IBM2401/2 ou 3.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

IBM em carro de bois

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O Manuel Reis e o Santos e Silva fizerem-me chegar este delicioso documento.

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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ela tinha um sonho...

Recebi este texto da ILDA que publico com muito gosto. É que ela tinha, e parece que ainda tem, um sonho...

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Eu tinha um sonho...sair da IBM e ir para África fazer voluntariado. No entanto, a vida dá voltas e, mal saí, tive a alegria de ser avó e senti que devia ficar para dar apoio. Depois, um problema de saúde complicado impediu-me de o fazer, mas não me tirou o gosto que sempre tive pela Vida e por, quando ao meu alcance, me empenhar para que as coisas aconteçam.

Não fui a África, mas tive a alegria de, no início do Verão, a minha filha Rita, de 31 anos, me comunicar que tinha tudo tratado para ir com uma amiga de escola, a Clara, trabalhar, durante 3 semanas numa ONG no Quénia. Este projecto nasceu do sonho de uma Mulher de 54 anos, que o conseguiu concretizar e que luta por ele cada dia. Trata-se de um orfanato que acolhe 14 crianças a quem ela quer como filhos, onde vai sempre que lhe é possível e que sobrevive com as contribuições que consegue angariar.

Foi para esta casa de muitos filhos que a Rita e a Clara partiram na madrugada de 4 de Agosto. Levavam uma pequena mochila com roupa e uma grande mochila com o que conseguiram juntar para tornar mais alegres os dias daquelas crianças.

As duas reportagens que fizeram no local e que me enviaram valem mais do que palavras e eu estou feliz e orgulhosa do empenho que puseram naquela causa.




Eu, que vendi pirilampos na IBM e coordenei as campanhas de recolha de sangue, e tive sempre de todos o melhor acolhimento, venho agora apelar de novo à vossa generosidade até porque, sendo a maior parte de nós já avós, estamos mais sensíveis para estes problemas.

Todos os meses a Laura, responsável pelo projecto (ver aqui o site deles), tem de enviar 1100 euros, o que significa muitas noites sem dormir por não saber onde os arranjar. ACREDITO que nós, que gastamos tanto dinheiro em futilidades podemos ajudar.

Peço a todos os que pretendam aderir que me contactem (o meu mail é ildammarques@gmail.com ) e me digam com quanto querem contribuir.

Prometo ir lá assim que me for possível e mandar-vos fotos daquelas crianças que precisam de todos nós.

Ao Fernando Redondo, a quem enviei as reportagens, agradeço a prontidão com se disponibilizou para as fazer chegar a vós. Apesar de já estarmos fora daquela que foi durante muito anos a nossa casa, é bom sentirmos que continuamos a poder contar uns com os outros.

Um grande abraço

Ilda Maria Marques



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Retrato Robot de um Informático




Suponhamos que tem 42 anos. E trabalha nestas coisas dos computadores há 18. Terá, por hipótese, aquela formação que se costuma designar por "Frequência Universitária" e passou portanto pelo caldeirão das crises académicas dos anos 60.

Os primeiros manuais que lhe meteram na mão foram, provavelmente, ainda os referentes ao "material clássico", máquinas devoradoras de cartões perfurados que os separavam, ordenavam, e totalizavam valores neles contidos.
Esta coisa dos cartões perfurados é já dificil de explicar aos filhos mas os mais velhos ainda se lembram concerteza dos rectangulos de cartolina, cheios de furos, em que lhes chegava a conta da luz.

A programação nesses tempos era uma especie de tricot feito com fios que se emaranhavam disputando uma matriz de orifícios que davam aos painéis um ar de favos metálicos.
Os operadores eram rapazes robustos que passavam horas manipulando milhares de cartões que manuseavam como acrobáticos jogadores de cartas num jogo de milhares de baralhos. Os cartões andavam numa roda-viva da separadora para a ordenadora e daí para a tabuladora num circuito só interrompido pela catástrofe de uma temida queda. Os operadores trajavam uma incompreensível bata branca.

A tecnologia deu um salto e os programas passaram a residir na memória dos computadores. O tricot agora passara para a escolha das instruções dos programas que tinham que caber em memórias tão pequenas que fariam rir os nossos ases do "Spectrum".

Depois vieram os suportes magnéticos para os dados; primeiro as bandas depois os discos e por fim as diskettes. Foi uma revolução e um drama. A informação deixou de estar ao alcance da vista (já não era possivel pregar a partida aos novatos de os mandar procurar aquele "8" perfurado por engano e que era preciso colar no respectivo buraco do cartão).
Mas as máquinas eram mastodonticas e só atendiam um utilizador de cada vez.
Formavam-se bichas e havia discussões pois que a falta de uma virgula obrigava a mais uma hora de compilação do colega anterior. Ninguem se atrevia a fazer planos mais rigorosos do que ao nível dos dias ou das semanas.

Por isso foram bombásticas as primeiras experiências de "spooling". Já era possivel isolar as morosas operações de entrada e de saída do trabalho própriamente dito. As unidades de leitura e as impressoras trabalhavam dia e noite independentes das operações de calculo e agora a luta centrava-se à volta da posição de cada um nas filas de espera de leitura e impressão. Também apareceu um novo cataclismo que consistia no misterioso desaparecimento do nosso mapa que deveria estar no meio da enxurrada despejada pela impressora durante a noite passada.

O salto seguinte teve a ver com os sistemas multiposto com todas as preplexidades resultantes de tentar perceber a lógica que a máquina usava para atender as multiplas solicitações. A guerra transferiu-se para a aquisição de prioridades no atendimento pelo sistema. Os primeiros a ler os manuais entretinham-se a relegar os colegas para estatutos em que a máquina só lhes passava cartão quando não tinha mesmo nada que fazer.

Chegou-se assim aos grandes sistemas de hoje, com centenas de utilizadores locais ou remotos, e com as suas máquinas virtuais que nos dão a ilusão de termos o computador todo só para nós (isto quando o dimensionamento foi correcto pois de contrário em vez de tempo de resposta temos os famigerados prazos de entrega).

Esta breve recapitulação histórica tem como objectivo transmitir aos mais jovens um "cheirinho" das vicissitudes por que passaram os colegas que, como agora parecerá lógico, têm alguns cabelos brancos. As vicissitudes que todos nós, velhos e novos, partilhamos agora com as ultimas palavras da tecnologia ficam para outra ocasião.

Mas vale a pena colocar uma outra questão pertinente depois desta breve viagem pelo passado. Quantas linguagens, comandos e truques foram ficando pelo caminho ?
Quantas palavras-chave, parâmetros e códigos tivemos que aprender para depois esquecer ao longo das nossas vidas ?

Todos os Sistemas Operativos e Arquitecturas foram anunciados com fanfarras de genialidade eterna para morrerem quase de vergonha alguns anos (ou mesmo meses) mais tarde.
Dir-nos-ão que o saber não ocupa lugar. Nada mais demagógico. Com excepção de uma certa disciplina na análise dos problemas pode dizer-se que os conhecimentos que adquirimos (quantas vezes a mata cavalos) não podem ser considerados conhecimento no sentido nobre do termo.

Sentimo-nos um pouco como alguem que tendo aprendido alemão descobrisse algum tempo depois que já ninguem falava tal lingua. Depois aprendesse francês e constatasse que os franceses eram um povo em vias de extinção e assim sucessivamente.

Temos que invejar os velhos camponeses que nem com a esquisitice de um tractor perdem a face perante os netos. Nós temos experiências muito mais traumatisantes com os nossos putos e os seus "pokes".

Quem nos devolve as horas e mesmo noites que mergulhamos nos "traces" de programas cheios de ;,<,),&,%,#,$ ? Como vamos recuperar da erosão provocada por vagas sucessivas de lixas informáticas sobre as nossas memórias pessoais ? Nós fomos a argamassa de todos os "ease of use, "user friendly", linguagens de query, interfaces em linguagem natural, sistemas periciais e outras iguarias com que se empanturram os utilizadores actuais. Que captemos ao menos a lição dos factos e passemos a olhar com maior bonomia o que temos que aprender hoje. Não podemos fechar os olhos, e o espírito, ao mundo em que vivemos sob pena de virmos a ser os velhos mais ignorantes da história da humanidade.

Publicado pela primeira vez em "O Diário" de 29 de Agosto de 1987. Republicado aqui por pensar que é ilustrativo do percurso de muitos de nós.