De 1974 a 1978 a CT sofreu fortemente a influência do PREC. Na sua fase inicial, ainda sob a forma de "Comissão Executiva", teve uma composição marcadamente de esquerda e reflectiu os entusiasmos do momento.
Em Maio de 1975 as eleições para a CT foram ganhas por correntes mais conservadoras que se motivaram por reacção contra o domínio da esquerda, o que correspondeu ao movimento geral do país que culminou no 25 de Novembro.
Esta situação prolongou-se, embora de forma cada vez mais desmotivada, até 1978.
Em 1979 tomou posse uma CT que representava o retorno da influência de esquerda embora constituída por elementos com imagem partidária pouco vincada.
Deu-se início a um trabalho de reorientação da actividade da CT para temas “internos” e a ligação ao "movimento popular de massas" passou, em grande medida, a ser assegurada pelos delegados sindicais.
Em 1979 realizou-se o “Inquérito aos Empregados” endereçando temas como “package de transferências”, A&C, vagas, política salarial, benefícios sociais, carros de serviço.
Com base nos resultados do inquérito foi elaborado um conjunto de propostas de melhoria dos “benefícios sociais” em vigor na empresa e promovido um SPEAK-UP assinado por 276 empregados em Junho de 1981.
Nos anos seguintes essas propostas constituíram o pano de fundo da actividade da CT e foram mesmo, algumas delas, aceites e concretizadas pela companhia. Tal é o caso das extensões do “Plano Médico” à Estomatologia e Oftalmologia (Junho de 1981) e os “subsídios para os estudos dos filhos dos empregados” (Julho de 1982).
Continuaram a ser reivindicados sem sucesso durante este período o “Empréstimo dos 400 contos” e as melhorias do “Plano de Reformas”.
A CT eleita para o biénio 1982/1984, constituída por elementos conotados com os partidos à esquerda do PS, foi introduzindo com força crescente a questão da participação da CT no desenhar das soluções e a questão do acesso à informação, que a lei das CT’s, 46/1979, tinha formalmente consagrado. Esta evolução procedeu em paralelo com as análises e intervenções críticas da CT no plano da organização e situação económica da IBM e mesmo das práticas de gestão.
A CT tenta mesmo em 1983, através da recolha de assinaturas de 284 empregados adquirir o direito a discursar no “Kick-off Meeting”, reunião que no início de cada ano fazia o balanço dos resultados do ano anterior e esboçava a estratégia e o plano do ano seguinte. O discurso, que não chegou a ser proferido, foi no entanto publicado pela CT.
A partir de 1982 acentua-se a vertente de comunicação da CT com os empregados. O lançamento do jornal “Factos & Argumentos”, que viria a publicar dezoito números até 1989, constituiu uma viragem no estilo e influência do processo de comunicação. No segundo número do “Factos & Argumentos” (Maio de 1982) é feita uma análise crítica do OPINION SURVEY de 1980 como forma de “preparar” os empregados para uma nova ocorrência do programa que teria lugar em 1982 demonstrando, pela crítica ao tradicional simulacro de participação na gestão, que a CT apostava no reforço do espírito crítico dos seus representados.
A agudização dos temas da “falta de diálogo” e da recusa de prestação de informações pela Administração, colocando a CT numa postura muito mais agressiva, pode ter sido a causa de uma nova politização das eleições em 1984, as mais renhidas e dramatizadas durante os anos em análise. O próprio Administrador-delegado da IBM não se coibiu de dirigir uma carta aos empregados incitando-os a votar (26/3/1984).
Concorreram duas listas, claramente alinhadas à esquerda e à direita, e a CT para o biénio 1984/1986 resultou composta por quatro elementos da “lista de esquerda” e três elementos da “lista da direita”.
É no Verão de 1984, com esta CT em funções, que as tensões acumuladas redundam no “conflito das grelhas” em que a CT, suportada numa votação em Reunião Geral de Trabalhadores, procura forçar a Administração a tornar públicas as regras que determinavam anualmente as percentagens e prazos dos aumentos salariais dos empregados.
Desse “braço de ferro” resultou a suspensão, por seis dias, dos membros da CT conotados com a esquerda (Alexandre Reis, F. Penim Redondo, Ludgero Pinto Basto e Vasco Almeida) e a sua reacção em tribunal que se viria a prolongar até 1994. Nesse ano foi exarado o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça que forçou a IBM a anular as sanções aplicadas e a pagar os montantes correspondentes aos dias de suspensão.
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