Em 1980, um grupo de “dissidentes” das habituais futeboladas, entre os elementos da IBM e da Danfoss, que duas vezes por semana se realizavam no estádio 1º de maio, dava origem à equipa de corredores do Clube IBM. Embora o número de elementos, que com mais frequência aderiam às corridas à volta daquelas instalações, tivesse alguma variação, de acordo com a capacidade de resistir às solicitações dos futebolistas, principalmente quando as equipas se apresentavam “desfalcadas”, o núcleo principal era constituído pelo Manuel Diogo, Quintas Belo e Zé Eduardo. Aquelas corridinhas tinham apenas como objectivo a prática de uma actividade física, onde as “caneladas” não marcassem presença. No entanto, o encontro ocasional, com o Guilherme Pereira Lopes, quando, após uma das sessões de treino à hora de almoço, regressávamos ao posto de trabalho, veio alterar os nossos planos, uma vez que aquele colega, já tinha participado em várias provas de estrada integradas no recente movimento de “corridas populares”, nos convidou para “alinharmos” na próxima, uma “meia maratona” que se iria disputar em Paços Negros, próximo de Almeirim. Assim, no dia 26 de Julho de 1980, pelas 18 horas, e após um almoço “à altura” no conhecido “Toucinho”, em Almeirim, a equipa do Clube IBM, constituída pelo Manuel Diogo, Guilherme Lopes e Quintas Belo, apresentava-se na linha de partida, para aquela que seria a primeira de um grande número de participações em provas, durante mais de 25 anos, ou seja, até à “MISTERIOSA” extinção do Clube.
Q.Belo, P.Lopes, M.Diogo
Ainda nesse ano, após as férias, participámos em mais 7 provas, meias maratonas de S.João das Lampas, Nazaré e À-dos-Cunhados, cabendo a estreia internacional à “Carrera Pedestre de Santiago de Compostela”. Em Setúbal, numa prova com a distância anunciada de 15 Kms, mas que devia ter 18, pelo menos, registámos a primeira peripécia digna de registo, não só pela prolongada ansiedade gerada no seio do grupo, numa primeira fase, mas também pelos jocosos comentários e muitas gargalhadas que tiveram lugar após a conclusão da prova. O António Mestre, que queria fazer a estreia naquelas andanças, embora não treinasse assiduamente (era daqueles que cedia aos apelos do futebol), apresentou-se, eufórico, naquela tarde de sábado, disposto a participar na prova, pois até tinha feito um treino de 15 kms no dia anterior (para ter a certeza que aguentava aquela quilometragem). Enfim, lá iniciámos a corrida, com uma volta á pista do Estádio do Bonfim, local onde regressámos após gastarmos bastante mais tempo do que o previsto, resultado, certamente, da maior distância percorrida (não havia GPS). Embora separados, como na maioria das provas, os elementos do grupo foram chegando, faltando apenas o Mestre, cuja demora, numa primeira fase, não admirava, uma vez que estava a fazer a estreia, mas, o atraso começava a ser exagerado e a tarde começava a dar lugar à noite, motivo, mais que suficiente, para que pensássemos o pior, principalmente o Diogo que, mais impaciente, corria entre a meta e a entrada do estádio, na esperança de vislumbrar o colega em falta. Quando a ansiedade já dava lugar ao desespero, eis que surge, aos zig-zags, o tão desejado parceiro que, abraçado pelo Diogo, assim percorreu os últimos metros da prova. Passados alguns minutos, e após a reposição dos “níveis” numa cervejaria próxima, entre risadas, contávamos ao Mestre, o que tínhamos pensado enquanto esperávamos, e como ele tinha entrado no estádio, ao que ele respondeu, para nossa surpresa - não me lembro de ter entrado no estádio!
Nos anos seguintes, o número de provas, que mereciam a nossa presença, nunca ficava abaixa de 25, e o grupo ia engordando, passando a contar com outros “bate-estradas”, como alguns colegas, pejorativamente, nos apelidavam: Carlos Penedo, Joaquim Bação, João Martins, Pacheco do Passo, Manuel Pedro, Pedro Albuquerque, Corte Real, José Dionísio, Fernando Redondo, Susana Alvarez e, com uma ou outra participação, Gigon, Mário Pereira, Catry, Paulo Ponce, Carlos Sardo, Pedro Ivo.
O movimento das corridas populares também se alargava, contemplando várias localidades do país e, de uma forma natural, as camisolas azuis com o emblema do Clube IBM, marcavam presença na maioria das provas, principalmente naquelas que contemplavam as distâncias de 21 quilómetros (meia maratona).
Apesar de naquele tempo alguns entendidos na matéria considerassem um exagero correr a maratona, 42 Kms, “estivemos lá” (Maratona de Torres Vedras) logo no ano de 1982, sendo um novo pretexto para estendermos os nossos horizontes de corridas a outros países. Para quem não se lembra das famosas, e concorridas, excursões organizadas pelo Albuquerque, aqui ficam algumas referências: Nova Iorque, Orlando, Cuba, Londres, Paris, Madrid, Sevilha, Badajoz.
Colaborámos ainda, com esta vertente desportiva, em vários convívios do Clube, Vimeiro e Tróia, e, especialmente para os mais novos, em 24 de março de 1984, organizámos um torneio de corrida na pista sintética do Estádio de Alvalade, a partir do qual, e em provas de distâncias mais curtas, passámos a ter a companhia de alguns jovens, filhos dos nossos colegas (Firme, Belo, Banha, Fava, etc.). Durante 15 anos, participámos em mais de 300 provas e “palmilhámos” vários milhares de quilómetros.
Como dizia um nosso amigo, triatleta, foram (e ainda são) MUITOS QUILÓMETROS DE PRAZER!
António Quintas Belo
2 comentários:
Caro QUintas Belo, em boa hora recordaste o impressionante historial das corridas e dos corredores.
Eu, que comecei só em 1989, devo ao vosso exemplo ter iniciado uma prática que ainda hoje mantenho.
A primeira corrida oficial em que estive foi a meia-maratona da Ponte 25 de Abril.
Recordo com prazer as nossas aventuras com destaque para a meia maratona de Paris e as Maratonas de Londres e Havana.
Continuo, e continuarei, a correr quase todos os dias enquanto tiver possibilidade de o fazer.
Tive a oportunidade de vos acompanhar a Nova Iorque, onde alguns dos maratonistas 'quase' que iam perdendo o avião.
As minhas "cavalgadas" maratonistas, resumen-se à mini-maratona.
Enviar um comentário