Clube IBM - últimos anos
Quando, no texto sob o título “O Clube IBM nas Corridas Pedestres”, apelidei de “MISTERIOSA” a extinção do Clube, tinha como objectivo “provocar” alguns comentários sobre essa discutível afirmação, ou seja, que, por isso, surgissem algumas questões ou esclarecimentos sobre aquele fim “não anunciado”. Como, até agora, tal não aconteceu, acho que devo explicar o porquê de ter recorrido a letras maiúsculas para ilustrar a surpresa sobre o desaparecimento de tal associação, até porque muitos dos colegas, provavelmente, nem se aperceberam do facto, uma vez que já não pertenciam ao “activo” da IBM.
Na história do Clube IBM, como aconteceu com outras agremiações do género, houve alguns altos e baixos, tal como já foi aflorado em mensagens neste “blog”, tendo, naturalmente fruto das lutas entre as várias tendências políticas, atingido, julgo eu, um melhor nível, e mais constante, a partir do 25 de Abril. É sabido, e reconhecido, que para o êxito das iniciativas de maior impacto muito contribuiu a disponibilidade, e interesse, da administração da IBM, independentemente da cor “mais ou menos avermelhada” que se atribuía aos elementos dos corpos gerentes do Clube.
Embora não tenha presente todos os elementos que fizeram parte da penúltima direcção do Clube, aqui ficam alguns nomes – Manuel Diogo, Joaquim Bação, Pedro Albuquerque e Quintas Belo.
Tal como o Redondo relata na proposta apresentada pela CT, em 1984, pedia-se à IBM um empréstimo, para aquisição de carro, no valor de 400 contos que, como é sabido não mereceu a aprovação da administração. Por essa altura, e com alguma surpresa, pois não era habitual tal prática, a direcção do Clube foi convocada para uma reunião com os representantes da administração, onde, como ponto prévio, nos foi exigido “total segredo” sobre o que ali iria ser tratado. Embora tal pedido nos levasse a pensar que a proposta “trazia água no bico”, não nos restava outra solução, para termos acesso ao seu conteúdo, teríamos de aceitar. Tratava-se de conceder um empréstimo aos empregados, para aquisição de “aparelhagem de vídeo”, tendo o Clube de suportar a carga administrativa daí resultante. Perante tal situação, pedimos algum tempo para, com toda a direcção, analisarmos a sugestão que, como era evidente, pretendia “contornar” o pedido da CT, com valores mais baixos, e contribuir, ao mesmo tempo, para o descrédito da mesma. Como estavam em causa possíveis benefícios para todos os colegas, entendemos que, só por nós, não devíamos rejeitar tal proposta. Assim, apresentámos a posição saída da reunião de direcção – O Clube convocaria uma assembleia geral para apreciação da proposta (empréstimo) e, se tal fosse aprovado, assumiríamos, apesar das dificuldades, o controle administrativo da mesma.
Claro que a sugestão não foi aceite pela companhia, uma vez que o plano teria de ser aceite por nós e não pelos colaboradores! Desta forma, e para que não constituíssemos um obstáculo à concretização de tal plano, que poderia interessar a grande número de empregados, e porque, certamente, as relações entre as duas partes iriam ser afectadas pela nossa negativa, resolvemos não apresentar qualquer lista á eleição, que se aproximava, dos novos corpos gerentes do Clube, empenhando-nos, no entanto, na motivação de vários colegas para que fosse apresentada, pelo menos, uma lista a votação. Embora não esteja certo, julgo que a última direcção foi eleita em 1984/85, e, tal como prevíamos, a proposta da Companhia foi posta em prática através do Clube, certamente que ainda estamos recordados desse empréstimo.
Apesar de não integrarmos os novos corpos gerentes, eu e o Albuquerque, continuámos a colaborar com o Clube, no que tocava às Corridas Pedestres, Excursões, etc..
Certamente pelo arrefecimento das lutas partidárias, a atenção sobre o funcionamento daquele órgão também esmorecia, por tal facto, aparentemente, ninguém se mostrava interessado em exigir o cumprimento do expresso nos estatutos, principalmente no que tocava à apresentação de contas e marcação de eleições (de três em três anos).
Para a apresentação dos nossos projectos, uma vez que envolviam algum dinheiro, tínhamos alguns contactos com a direcção do Clube, principalmente com o seu presidente que, a certa altura, parecia ser o único responsável “operacional”, sem que notássemos dificuldades superiores às habituais (o dinheiro era sempre pouco). No entanto, nos últimos meses da minha colaboração com a IBM, as coisas tornaram-se mais difíceis, para além de circularem notícias sobre a falta de pagamento a alguns fornecedores, sendo o exemplo mais falado a “Livraria Barata”. Como estava em marcha a saída de vários colaboradores, como era o meu caso, o elenco directivo, na prática, deixava de existir, não havia quem se responsabilizasse por explicar, mesmo informalmente, o que se passava. Perante tal situação, e de acordo com os estatutos, procurei convocar a Assembleia Geral, reunindo, com alguma dificuldade, as 50 assinaturas necessárias para entregar ao (à) Presidente da Mesa da Assembleia, que, pasme-se, não aceitou o pedido, dizendo que não tinha nada a ver com o Clube e que, se quisesse, o entregasse ao Cerejeira. Por outras palavras, o Clube já não existia!
Apesar de aquele colega, em termos formais, nada ter a ver com o Clube, perguntei-lhe o que se passava, tendo obtido uma resposta, no mínimo caricata - o Clube tinha interrompido a sua actividade. Claro que nada valeu argumentar que tal só poderia ser decidido em Assembleia Geral convocada para o efeito.
Naturalmente que a saída de um grande número de empregados no fim de 1997, onde me incluí, deixou no ar o “MISTÉRIO” - porque se interromperam as actividades, com que bases, e o que foi feito dos pertences daquela associação.
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2 comentários:
Caro Quintas Belo, este é um contributo muito interessante.
Acho que seria importante que tentasses sistematizar as datas dos acontecimentos a que aludes.
Eu vou fazer uma nova entrada com um documento eleitoral de uma lista que é capaz de ter a ver com esta história.
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