sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Bósforo from Topkapi

Abril de 1986.

Istambul, em direcção a Viena de Áustria onde se realizaria a convenção, chegados de Atenas onde a língua não nos permitiu reconhecer mais do que um certo alvoroço em torno da palavra "bomb" que tentávamos interpretar numa tradução linear, algures na Placa cheios de uma folia que não se compadecia com outra coisa que não fosse uma saudável loucura e longe da célebre operação El Dorado Canyo com que os EUA visavam alvejar Mouammar Kadhafi como retaliação pelos atentados em Roma, Viena e Berlim.

Pelo meio ficam histórias incríveis por contar desde a compra à porta de uma mesquita de 2 metros de tecido com crocodilos da Lacostre para serem depois cozidos nas camisolas sem marca mas que à primeira lavagem "se afogaram" no turbilhão da máquina de lavar ficando completamente destruídos; as viagens de avião que durante aquela semana primavam por levar só 7 passageiros ( nós !!!) tal a imponderabilidade da situação internacional ; a viagem de Atenas para Viena na qual viajámos com um "terrorista" a bordo mas como o tipo não ia bêbado, não pensou nas 27 virgens que tinha à sua espera se o avião caísse, e fez uma viagem horrorosa porque, afinal, tinha nariz adunco mas mais não era que um desgraçado a receber o baptismo de voo; a subida de umas escadas rolantes no aeroporto de Viena em cujo cimo só se viam soldados de metralhadoras e cães e nós encravámos o mecanismo à chegada pois as rodas dos troleys das malas empeçaram-se naquela geringonça e era ver malas a caírem por ali abaixo e nós à frente numa descida desalmada em contraponto com o movimento das escadas ; e finalmente a chegada ao hotel Hilton onde, acto contínuo, nos tentam dar um bilhete de avião de regresso imediato a Lisboa uma vez que a convenção acabava de ser anulada, mas o qual rejeitámos com a desculpa de que tínhamos horror em andar de avião !

A administração "aceitou" que, de facto, nós precisávamos de descansar e por isso acedeu ao nosso "repouso".

A partir daí, e após assinatura de termos de responsabilidade, instalámo-nos principescamente e ali passámos 3 gloriosos dias de verdadeiro fausto.

Depois, alugámos a habitual carrinha e viemos apanhar a TAP a Zurique tendo sido calorosamente recebidos na IBM perante a hipótese de podermos ter sido vítima da situação explosiva que se vivia na Europa e no mundo.

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