Na vida prática, nem sempre os acontecimentos seguem uma cronologia natural.
Quando um profissional começa uma determinada actividade, normal será supor que, previamente, tenha tido a preparação adequada após a qual se sentirá habilitado a enfrentar os desafios que lhe aparecerão.
Porém, por vezes, a sequência é alterada em função dos calendários mais convenientes da empresa o que leva a situações como a que vou relatar.
Em 1979, e após 6 anos como IBMer administrativo, ingressei nas vendas no OP.
Concorri a uma vaga do escritório do Porto tendo de imediato "começado a injectar máquinas de escrever" no mercado a um ritmo acelerado ( hahahahaha ) .
Só posteriormente tive alguns cursos de vendas ( quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista de vendas propriamente ditas ) entre os quais um, liderado por um colega da IBM UK, de seu nome McLean, que nas horas vagas, recordo, era polícia em Londres.
Essa acção de formação foi-o para mim e para o Adalberto Melo, e assumiu o carácter de refreshment para o restante pessoal vendedor.
O sujeito era imponente no porte físico e tratava a máquina de escrever aquando de uma demonstração com uma elegância e com um virtuosismo tais que nos deixava a nós, principiantes, com a sensação de que, ao fazê-la perante um cliente, era impossível não assinar de imediato uma encomenda
O final do curso teve lugar num auditório de um hotel em Lisboa onde a apoteose era uma demonstração do dito equipamento ora agora pelo Adalberto, ora agora por mim, frente ao "tribunal" constituído pelos mais antigos vendedores, prontos para nos vexarem enquanto novatos.
Os métodos eram inovadores e desconhecidos daquela assistência o que criava um ambiente misto de gozo e expectativa.
Após o meu exame, excelente, diga-se, seguiu-se o Adalberto.
McLean, porém, preparou-lhe uma surpresa que se inseria no teatro-do-faz-de-conta que pretendia criar.
Desligou a máquina após a minha demonstração deixando-a, propositadamente, na posição de letra maiúscula o que implicava que o mecanismo assumisse uma posição onde a esfera não encaixava.
Subido ao palco, o Adalberto começa por colocar a esfera no sítio certo após o que faz a introdução de circunstância perante aquele enorme "conselho de administração" .
Sou fulano de tal, e ..... bla bla bla.
Imediatamente a seguir, liga a máquina e, escândalo dos escândalos, a esfera é catapultada para o meio da sala num voo hilariante que desconcerta por completo o candidato a vendedor que se viu em palpos-d' aranha para a localizar.
Escusado será dizer que a galhofa foi generalizada para gáudio dos mais antigos embora tivesse tido a sua eficiente pedagogia nunca mais nos esquecendo da verificação daquele pormenor.
À laia de homenagem àquele colega inglês, tiro-lhe o chapéu pelas espectaculares demonstrações que nos ensinou a fazer com aquele objecto, envergonhando-nos pelas que fazíamos anteriormente, "inventadas" por nós, e que só a juventude e o gosto pela venda nos imunizavam contra os desaires daqueles primeiros tempos.
Quando um profissional começa uma determinada actividade, normal será supor que, previamente, tenha tido a preparação adequada após a qual se sentirá habilitado a enfrentar os desafios que lhe aparecerão.
Porém, por vezes, a sequência é alterada em função dos calendários mais convenientes da empresa o que leva a situações como a que vou relatar.
Em 1979, e após 6 anos como IBMer administrativo, ingressei nas vendas no OP.
Concorri a uma vaga do escritório do Porto tendo de imediato "começado a injectar máquinas de escrever" no mercado a um ritmo acelerado ( hahahahaha ) .
Só posteriormente tive alguns cursos de vendas ( quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista de vendas propriamente ditas ) entre os quais um, liderado por um colega da IBM UK, de seu nome McLean, que nas horas vagas, recordo, era polícia em Londres.
Essa acção de formação foi-o para mim e para o Adalberto Melo, e assumiu o carácter de refreshment para o restante pessoal vendedor.
O sujeito era imponente no porte físico e tratava a máquina de escrever aquando de uma demonstração com uma elegância e com um virtuosismo tais que nos deixava a nós, principiantes, com a sensação de que, ao fazê-la perante um cliente, era impossível não assinar de imediato uma encomenda
O final do curso teve lugar num auditório de um hotel em Lisboa onde a apoteose era uma demonstração do dito equipamento ora agora pelo Adalberto, ora agora por mim, frente ao "tribunal" constituído pelos mais antigos vendedores, prontos para nos vexarem enquanto novatos.
Os métodos eram inovadores e desconhecidos daquela assistência o que criava um ambiente misto de gozo e expectativa.
Após o meu exame, excelente, diga-se, seguiu-se o Adalberto.
McLean, porém, preparou-lhe uma surpresa que se inseria no teatro-do-faz-de-conta que pretendia criar.
Desligou a máquina após a minha demonstração deixando-a, propositadamente, na posição de letra maiúscula o que implicava que o mecanismo assumisse uma posição onde a esfera não encaixava.
Subido ao palco, o Adalberto começa por colocar a esfera no sítio certo após o que faz a introdução de circunstância perante aquele enorme "conselho de administração" .
Sou fulano de tal, e ..... bla bla bla.
Imediatamente a seguir, liga a máquina e, escândalo dos escândalos, a esfera é catapultada para o meio da sala num voo hilariante que desconcerta por completo o candidato a vendedor que se viu em palpos-d' aranha para a localizar.
Escusado será dizer que a galhofa foi generalizada para gáudio dos mais antigos embora tivesse tido a sua eficiente pedagogia nunca mais nos esquecendo da verificação daquele pormenor.
À laia de homenagem àquele colega inglês, tiro-lhe o chapéu pelas espectaculares demonstrações que nos ensinou a fazer com aquele objecto, envergonhando-nos pelas que fazíamos anteriormente, "inventadas" por nós, e que só a juventude e o gosto pela venda nos imunizavam contra os desaires daqueles primeiros tempos.
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